A guria da minha vida
Ela gosta de mim e isso é o que mais me impressiona nela. Ela chega com a sua mão de travesseiro macio e joga pra cima de mim o cabelo de algodão doce que desmancha de tão liso e cheiroso que é em qualquer objeto sólido que ele toca. E ela diz que eu sou o cara da vida dela e me beija e ri das piadas engraçadas que eu conto e das sem graça também. E eu recolho o corpo dela nos meus braços e aperto com a força de quem vai ficar sem apertar durante um mês, mesmo sabendo que amanhã eu vou entrar pela cozinha, dar um beijo na bochecha da minha sogra, cumprimentar meu sogro e atravessar a porta para vê-la descansar no sofá e me estender o seu sorriso de satisfação caramelada.
E ela fala que a saudade parecia uma lomba tão íngreme que nem a mais avançada das bicicletas, pedalada pelo mais hábil dos ciclistas conseguiria vencer. E eu limpo o seu rosto de alguns fios de cabelo caídos sobre os olhos e digo que se fosse preciso chegar ao alto desta lomba a pé e sob um sol escaldante eu iria mesmo assim; claro que uma coca bem gelada ajudaria, ressalvo. E ela ri de mais essa piada sem graça e descubro os dentes grandes e brancos da sua boca.
E outro dia eu fiquei só olhando pra ela enquanto dormia. E me deu uma alegria estúpida, uma inquietação paralítica que até faltou ar. E eu fiquei ali só olhando o lábio inferior dela que é maior do que o superior respirar tranqüilo, e eu fiquei olhando os sinais que pontilham os braços e parecem gotinhas de chocolate e eu fiquei olhando até a falta de ar passar e eu pegar no sono de vez.
E de vez em quando eu falo pra ela que ela é a guria da minha vida, mas ela finge que não acredita com aquele olhar de incredulidade apaixonada e eu repito tudo outra vez com a certeza de que ela já havia acreditado na primeira tentativa só pra ver as pálpebras dela se moverem e aquele olhar de soslaio me acertar de novo.
E aí eu abraço ela e ela me abraça até que as forças nos faltem e só consigamos nos beijar. Um beijo doce, o dela. Com gosto de caramelo e sorvete napolitano.
Guilherme
E ela fala que a saudade parecia uma lomba tão íngreme que nem a mais avançada das bicicletas, pedalada pelo mais hábil dos ciclistas conseguiria vencer. E eu limpo o seu rosto de alguns fios de cabelo caídos sobre os olhos e digo que se fosse preciso chegar ao alto desta lomba a pé e sob um sol escaldante eu iria mesmo assim; claro que uma coca bem gelada ajudaria, ressalvo. E ela ri de mais essa piada sem graça e descubro os dentes grandes e brancos da sua boca.
E outro dia eu fiquei só olhando pra ela enquanto dormia. E me deu uma alegria estúpida, uma inquietação paralítica que até faltou ar. E eu fiquei ali só olhando o lábio inferior dela que é maior do que o superior respirar tranqüilo, e eu fiquei olhando os sinais que pontilham os braços e parecem gotinhas de chocolate e eu fiquei olhando até a falta de ar passar e eu pegar no sono de vez.
E de vez em quando eu falo pra ela que ela é a guria da minha vida, mas ela finge que não acredita com aquele olhar de incredulidade apaixonada e eu repito tudo outra vez com a certeza de que ela já havia acreditado na primeira tentativa só pra ver as pálpebras dela se moverem e aquele olhar de soslaio me acertar de novo.
E aí eu abraço ela e ela me abraça até que as forças nos faltem e só consigamos nos beijar. Um beijo doce, o dela. Com gosto de caramelo e sorvete napolitano.
Guilherme
4 Comentários:
Bom... seria auto-biográfico?
Abraço
tem q atualizar isso
Muito bom!!Foi bem profundo nesse texto...São os mínimos detalhes que fazem o contexto ser unico né...
Abraço...
Pedro Schenkel...
auhhuauhahua q comentariozinho...
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