quarta-feira, junho 04, 2008

Novo Endereço

Agora, o Tisserand está aqui.

terça-feira, junho 03, 2008

De mudança

blog em nova morada: mais detalhes, amanhã.

domingo, maio 18, 2008

Complexo

Ela diz:
Cara, tu é muito complexo.
Ao que respondo:
Que nada,
dê-me cá um amplexo!

Guilherme

segunda-feira, maio 05, 2008

Amanhã

A menina chora enquanto me olha.
As lágrimas passeiam pelo rosto
e morrem salgando os lábios.
A menina tenta, em vão,
ocultar soluços.

Salgo minha boca com a sua;
vendamos os olhos
de pálpebras cansadas; e,
submersos em carícias,
adiamos a ciência de
nossos pecados para
amanhã.

Guilherme

quarta-feira, abril 23, 2008

Teus olhos

Tá, tu tem razão.

Tua mão é mais doce que eu pensava,
e ainda penso.

Não esqueço esses olhos profundos e tristes, olhos de Carolina, resignados

Teus olhos.

Tá, tu sempre tem razão:

Sobre meus erros, acertos e aquele sol nascendo entre os nossos dedos entrelaçados, protetores inócuos dos olhos:

Dos teus, de Carolina; dos meus, de espectador da tristeza.

Sabe quando a gente sente saudade de algo que ainda não viveu?* A cabeça navega no dia que nunca vai existir e o coração lamenta como se lá estivessem os olhos - não os teus de Carolina, mas os meus de desalento -, as mãos e o sol que ali anuncia algo de bom.

Ali não, aqui.

Mas o bom agora pode ser tanta coisa (e tudo o que resolvermos também). A madrugada é uma órfã, ela busca sentidos: os carros a abandonam, os pedestres, as cores, até os semáforos economizam junto à madrugada - acendem e apagam um amarelo desbotado e persistente. Ela estende os braços agoniados e negros sobre nossas cabeças; até que o dia venha socorrê-la, com suas forças já esmaecidas.

Neste momento, nós somos seus donos, seus pais.

Escolhe uma cor.

Eu sabia. Agora o dia é verde; esse mesmo dos teus olhos

de tempero brando.

E o verde traz consigo o teu sorriso, e os teus olhos perdem a vergonha de mostrar a cor verdadeira: olhos de amor claustrofóbico, aguados e indóceis; e eu apalpo esse amor com uma dose de verde que catei do teu dia. E torno-o um pouco meu.

E tu recebe o toque com a malícia de quem imaginou essa cena algumas milhares de vezes. E sei que parecemos tão previsíveis aos corações alheios. E também sei que não estamos nem aí pra isso.

O dia nasce verde e morre cinza.

Mas nós não morremos com ele.

Sobrevivemos como amantes dautônicos.

Vemos o colorido escondido em cada pigmento de preto e branco.


* Frase de Natália Carvalho


Guilherme

terça-feira, abril 15, 2008

O Adeus do Baixinho


"Quando eu nasci, Deus apontou o dedo em minha direção e disse: esse é o cara." Romário.



Lendo o noticiário esportivo, especificamente no Blog Pffeifer esportes, vejo que o Romário finalmente irá se aposentar. Considero um momento histórico para o futebol mundial. Nem entro na questão do número de gols assinalados, mas pela qualidade técnica, conquistas e temperamento peculiar que ostentou durante a última década.

Talvez esteja postando sobre isso - aqui no Tisserand – somente para salientar que o clube em que ele mais marcou gols em sua carreira foi o Grêmio. Ou até mesmo, pela Copa de 94, a única que torci de verdade para o Brasil.

Na copa de 94, como todos sabemos, ele “comeu” a bola, dando o Tetra para a nossa seleção num campeonato que teve o gozado goleiro sueco Ravelli, fazendo caretas e piruetas; o craque Maradona pego por doping; o louco do Leonardo dando uma cotovelada criminosa; e pasmem, a Bulgária numa semifinal de Copa do Mundo. Além de claro, o Baggio batendo um tiro de meta na final, na cobranças de pênaltis – semelhante a cobrança do Fernando, do Inter, contra o América Mineiro.

Mas, a minha admiração pelo Romário, nasceu um ano antes - nas eliminatórias - jogando no Maracanã, contra o Uruguai. O goleiro Sibolde tirava até a mãe de dentro do gol. Para o azar dele, o Baixinho tava em campo, arrematando dois golaços: um de cabeça – alto como ele é – e um driblando o arqueiro uruguaio. Virei fã.

E foi assim por anos. Romário jogando, Romário marcando - ou bagunçando, ou brigando, ou dizendo bobagem. Ele pode. Nos áureos tempos, era assim: ninguém segurava o Baixinho. Quer dizer, exceto o Márcio Tigrão.


Fábio

segunda-feira, abril 07, 2008

eu, ela, nós

"Ainda não mataram os melhores devaneios"

Jorge Du Peixe


Eu ensaio um movimento inesperado para ela e puxo o corpo magro e despido de roupas, pudores e frescuras para junto do meu; e começo o ritual diário e dionisíaco de veneração de cada poro daquela pele, de cada som emitido em meio à dança descompassada de nossos membros. Eu inspiro seu cheiro, um aroma doce e salgado ao mesmo tempo, um gosto liso e áspero que bebo com a sede infantil de amante. Eu aliso o cabelo escuro já rebelde, porque suado, porque exigido em sua elasticidade por minhas e suas mãos angustiadas. Eu grito um canto rouco e sublime com os olhos alertas e mirando as linhas miúdas que os fios de cabelo comprido desenham em sua nuca.

Ela condiciona minhas mãos aos lugares que mais lhe agradam e minhas mãos são cegas ao ponto de se deixarem levar, gulosas e satisfeitas, por entre eles. Ela ensina a velocidade adequada e anuncia, em respirações ofegantes, que o espaço entre nós precisa ser reduzido, tornado quase nulo, imperceptível. Ela é uma estátua móvel com o corpo iluminado por um sol que não avisto, nem procuro, mas percorro-a sábio da presença dele. Ela encarna nos lábios avermelhados por meus dentes e boca esse sol, encarna nos olhos acesos a luminosidade de astro, de estrela lúbrica.

Nós engendramos jogos circenses de bailarinos que improvisam coreografias amorosas, censuráveis em nossas próprias mentes moralistas: transgredimo-nos. Pulsamos como uma torrente de água que escorre ligeira, apressada por um monte opulento - como o corpo que toco - e deságua saciada num mar receptivo, um mar de abraços e carícias íntimas, generoso como o ventre dela. Nós escalamos os degraus do quarto, ela depois eu, eu depois ela, depois ambos enrolados como plantas parasitas, envenenando-nos um pouco mais a cada beijo, cada gemido, cada silêncio construído pela dor. Nós estagnamos nossos corpos, acompanhamos o sonho em suas terras e reproduzimos - agora em terreno mágico - os contornos de nossas venturas.

Guilherme