Teus olhos
Tá, tu tem razão.
Tua mão é mais doce que eu pensava,
e ainda penso.
Não esqueço esses olhos profundos e tristes, olhos de Carolina, resignados
Teus olhos.
Tá, tu sempre tem razão:
Sobre meus erros, acertos e aquele sol nascendo entre os nossos dedos entrelaçados, protetores inócuos dos olhos:
Dos teus, de Carolina; dos meus, de espectador da tristeza.
Sabe quando a gente sente saudade de algo que ainda não viveu?* A cabeça navega no dia que nunca vai existir e o coração lamenta como se lá estivessem os olhos - não os teus de Carolina, mas os meus de desalento -, as mãos e o sol que ali anuncia algo de bom.
Ali não, aqui.
Mas o bom agora pode ser tanta coisa (e tudo o que resolvermos também). A madrugada é uma órfã, ela busca sentidos: os carros a abandonam, os pedestres, as cores, até os semáforos economizam junto à madrugada - acendem e apagam um amarelo desbotado e persistente. Ela estende os braços agoniados e negros sobre nossas cabeças; até que o dia venha socorrê-la, com suas forças já esmaecidas.
Neste momento, nós somos seus donos, seus pais.
Escolhe uma cor.
Eu sabia. Agora o dia é verde; esse mesmo dos teus olhos
de tempero brando.
E o verde traz consigo o teu sorriso, e os teus olhos perdem a vergonha de mostrar a cor verdadeira: olhos de amor claustrofóbico, aguados e indóceis; e eu apalpo esse amor com uma dose de verde que catei do teu dia. E torno-o um pouco meu.
E tu recebe o toque com a malícia de quem imaginou essa cena algumas milhares de vezes. E sei que parecemos tão previsíveis aos corações alheios. E também sei que não estamos nem aí pra isso.
O dia nasce verde e morre cinza.
Mas nós não morremos com ele.
Sobrevivemos como amantes dautônicos.
Vemos o colorido escondido em cada pigmento de preto e branco.
* Frase de Natália Carvalho
Guilherme
Tua mão é mais doce que eu pensava,
e ainda penso.
Não esqueço esses olhos profundos e tristes, olhos de Carolina, resignados
Teus olhos.
Tá, tu sempre tem razão:
Sobre meus erros, acertos e aquele sol nascendo entre os nossos dedos entrelaçados, protetores inócuos dos olhos:
Dos teus, de Carolina; dos meus, de espectador da tristeza.
Sabe quando a gente sente saudade de algo que ainda não viveu?* A cabeça navega no dia que nunca vai existir e o coração lamenta como se lá estivessem os olhos - não os teus de Carolina, mas os meus de desalento -, as mãos e o sol que ali anuncia algo de bom.
Ali não, aqui.
Mas o bom agora pode ser tanta coisa (e tudo o que resolvermos também). A madrugada é uma órfã, ela busca sentidos: os carros a abandonam, os pedestres, as cores, até os semáforos economizam junto à madrugada - acendem e apagam um amarelo desbotado e persistente. Ela estende os braços agoniados e negros sobre nossas cabeças; até que o dia venha socorrê-la, com suas forças já esmaecidas.
Neste momento, nós somos seus donos, seus pais.
Escolhe uma cor.
Eu sabia. Agora o dia é verde; esse mesmo dos teus olhos
de tempero brando.
E o verde traz consigo o teu sorriso, e os teus olhos perdem a vergonha de mostrar a cor verdadeira: olhos de amor claustrofóbico, aguados e indóceis; e eu apalpo esse amor com uma dose de verde que catei do teu dia. E torno-o um pouco meu.
E tu recebe o toque com a malícia de quem imaginou essa cena algumas milhares de vezes. E sei que parecemos tão previsíveis aos corações alheios. E também sei que não estamos nem aí pra isso.
O dia nasce verde e morre cinza.
Mas nós não morremos com ele.
Sobrevivemos como amantes dautônicos.
Vemos o colorido escondido em cada pigmento de preto e branco.
* Frase de Natália Carvalho
Guilherme
9 Comentários:
Os olhos são as janelas do mundo, através de um simples olhar descobrimos uma imensidão de coisas, e o melhor, nos apaixonamos.
Adoro os teus textos, como sempre muito bom =)
Uia, tô começando a virar fã daqui. =D
Parabéns pelo texto. Ah, se eu tivesse essa sensibilidade na hora de escrever os meus... Mas deixo isso pra quem sabe. =D
Abraço
Bah, esse texto me fez lembrar de um documentário que assisti, chamado Janela da Alma (muito bom!) que mostra como o sentimento muda nossa percepção visual. Mas falando nisso, ontem eu dormi enxergando tudo vermelho e branco, e hoje acordei assim também! Hahahha! E pra finalizar... frase boa dessa tal de Natália Carvalho heim?! =P
Parabéns pelo texto Gui, mais uma vez! Beijão!
Esse sabe. Um é fanfarrão e o outro escreve de verdade... :P
Abraços
Obrigado pelo "POP"!! hehehe!!
ah! eu aceito o livro Fabinho, de coração!!
e é sério, gosto de vir aqui sempre!!
Passei aqui pela 1º vez e adorei, voltarei mais vezes. Abraço!!!
Fala rapah... como vc tá?
consegui atualizar meu blog.. Estava meio ausente da parada, altos trampos... Coloquei algo bacana, parte do meu video documentário, do meu livro que fiz ano passado.. da uma assistida no meu blog e conheça um pouco mais de uma realidade pouco vista nas tv´s...
abraço
Dann
www.o-diariu.blogspot.com
Parabéns pelo texto!
Aparece no meu blog:
www.desarranjosintetico.blogspot.com
deu aperto no peito. sorriso triste escapuliu do canto do olho, também. gostei muito.
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