O Gol da minha Vida
Sentado na garagem da casa da minha noiva, assistia ao jogo Inter e São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro. Depois de um fim de semana maravilhoso, almejava terminá-lo com mais uma vitória sobre o atual Campeão do Mundo. Mas sabe como é. Aquele velho ditado: “sorte no amor, azar no jogo”. Entre algumas conversas de cotidiano com a nega, - a partida já estava 2 a 0 para o tricolor paulista - ocorre um lance peculiar e Rogério Ceni sente uma lesão na virilha. Por poucos minutos, a bola parou de rolar. A torcida mesmo com três derrotas em finais este ano, buscava forças para gritar “Tri Campeão”, referindo-se ao número superior de Libertadores conquistadas. Aquele 9 de agosto, no Morumbi, foi marcante para eles. Para mim, também.
Foi naquele 9 de agosto - mês do cachorro louco – que saiu o gol mais importante da minha vida. Por ironia, não estava no estádio. Lembro-me que no início da tarde fui cobrir as ocorrências policiais e na DP o único assunto era o jogo do colorado. Tinha a plena convicção de que se não assassinassem o Maneca, nada mudaria a pauta dos Investigadores. Mas não, a semana foi tranqüila. Sem saber ao certo o que anotava, - meus ouvidos estavam no ligados no radinho do delegado, sintonizado na gaúcha, descrevendo todos os detalhes que antecediam a batalha – prescrevi alguns dados e fui para a Gazeta esperar o micro para a faculdade.
No caminho, o nervosismo aumenta consideravelmente. Já em aula, percebo que não li o texto pedido na aula anterior, e, preocupado, quase me esqueço do jogo. Quase. Dois futuros jornalistas adentram a sala com peitos estufados, desfilando com camisetas do São Paulo. Não me contive. “Gozar com o pal dos outros é foda” – Sem falar nada, pediram licença à professora e sentaram. Hoje, nem me olham. Esta pequena frase me rendeu uma antipatia por todo semestre, quem sabe todo o curso. Enfim.
Passava das 21h45 e a mestre não liberava seus alunos. O assunto em pauta era autores latino-americanos. Quando a classe foi questionada sobre algum escritor uruguaio, resolvi citar – dificilmente falo para toda a turma – o Eduardo Galeano. Solenemente fui reprovado por todos, que queriam ir embora. Bola fora. “Mais algum?” replicou a professora. Então, ao fundo da sala, surge uma voz feminina, quase aos gritos “O Sóbis”. Foi o suficiente para encerrar o dia de estudo. Será que ela imaginava, em poucas horas, aconteceria uma atuação tão brilhante deste garotinho de Erechim?
Voltando para o micro, em passadas largas no estacionamento da Unisinos, escuto a expulsão de um atleta sãopaulino. FDP – festejei sozinho. Os transeuntes, não entenderam bem o que ocorria. Entrando na condução, vou até o último banco e vejo as primeiras imagens da partida. Imagens destorcidas, falhadas, devido à falta de antena. Era difícil enxergar a bola, o rádio me guiava. Me sentia dentro do Cícero Pompeu de Toledo. Coração palpitando perigosamente, um filme de todos os jogos do colorado rodavam sobre meus olhos. Tinha medo. Não conseguia uma troca de conversas coerente. “Fábio, o Inter ta com 3-5-2, ou 4-4 2”, perguntou um colega de micro. “Sei lá por... Não é o momento” respondi, de forma um pouco grosseira. Lacrimejava.
Pintando a América de Vermelho
Bolívar. O beque colorado que me inspirou deixar o cabelo um pouco maior, começou a jogada épica. Em um belo passe tocou para Edinho que, em um apurado lançamento deixou Sóbis frente a frente com Fabão. Desengonçado, quase caindo passou pelo zagueiro e chutou no cantinho. Voei do assento batendo a cabeça no teto. Berrava, berrava, assuntando os colegas de micro. O tiozinho – motorista – liberou o som para todos os passageiros. “Esse gol é tinta vermelha na América”, bradava o locutor, que ficaria conhecido no Brasil inteiro após a narração do segundo gol do Inter, também de Sobis. Extasiado, lembrava da desclassificação contra o Ceará na Copa do Brasil, a derrota para o Bragantino, em 96, da quase segunda divisão, por duas vezes, da derrota roubada do brasileirão do ano passado, e sabia, que este gol era um divisor de águas. O início de um marco histórico para mim, para o Inter e para a metade mais feliz do Rio Grande. Estava acabando essa historinha de Internacional só no nome. Obrigado, Inter. Obrigado, Sóbis.
Esse guri com “...cara de gaúcho, pinta de gaúcho, roupa de gaúcho, parece gaúcho..” se transformou no meu maior ídolo do Internacional - igualando-se ao Fabiano Cachaça.
Contendo as lágrimas, ainda consegui bater a cabeça novamente, festejando o segundo gol, menos de 10 minutos depois. O São Paulo descontou, mas os gremistas não comemoraram. Era o sinal de que estava chegando à nossa hora. Ao chegar em casa, encontro meu pai avermelhando, com certeza, muito mais nervoso que eu. Sem soltar um comentário sobre o jogo, resumi a um sucinto “E aí” e me tranquei no quarto até o final da partida. A batalha estava ganha e o título encaminhado. Mal sabia eu, que sete dias depois, assistiria o melhor jogo da minha vida. Mas o gol. Ah, o gol já estava feito.
Fabio
No vídeo, um especial sobre a conquista colorada. No primeiro trecho, o gol da minha vida.
Foi naquele 9 de agosto - mês do cachorro louco – que saiu o gol mais importante da minha vida. Por ironia, não estava no estádio. Lembro-me que no início da tarde fui cobrir as ocorrências policiais e na DP o único assunto era o jogo do colorado. Tinha a plena convicção de que se não assassinassem o Maneca, nada mudaria a pauta dos Investigadores. Mas não, a semana foi tranqüila. Sem saber ao certo o que anotava, - meus ouvidos estavam no ligados no radinho do delegado, sintonizado na gaúcha, descrevendo todos os detalhes que antecediam a batalha – prescrevi alguns dados e fui para a Gazeta esperar o micro para a faculdade.
No caminho, o nervosismo aumenta consideravelmente. Já em aula, percebo que não li o texto pedido na aula anterior, e, preocupado, quase me esqueço do jogo. Quase. Dois futuros jornalistas adentram a sala com peitos estufados, desfilando com camisetas do São Paulo. Não me contive. “Gozar com o pal dos outros é foda” – Sem falar nada, pediram licença à professora e sentaram. Hoje, nem me olham. Esta pequena frase me rendeu uma antipatia por todo semestre, quem sabe todo o curso. Enfim.
Passava das 21h45 e a mestre não liberava seus alunos. O assunto em pauta era autores latino-americanos. Quando a classe foi questionada sobre algum escritor uruguaio, resolvi citar – dificilmente falo para toda a turma – o Eduardo Galeano. Solenemente fui reprovado por todos, que queriam ir embora. Bola fora. “Mais algum?” replicou a professora. Então, ao fundo da sala, surge uma voz feminina, quase aos gritos “O Sóbis”. Foi o suficiente para encerrar o dia de estudo. Será que ela imaginava, em poucas horas, aconteceria uma atuação tão brilhante deste garotinho de Erechim?
Voltando para o micro, em passadas largas no estacionamento da Unisinos, escuto a expulsão de um atleta sãopaulino. FDP – festejei sozinho. Os transeuntes, não entenderam bem o que ocorria. Entrando na condução, vou até o último banco e vejo as primeiras imagens da partida. Imagens destorcidas, falhadas, devido à falta de antena. Era difícil enxergar a bola, o rádio me guiava. Me sentia dentro do Cícero Pompeu de Toledo. Coração palpitando perigosamente, um filme de todos os jogos do colorado rodavam sobre meus olhos. Tinha medo. Não conseguia uma troca de conversas coerente. “Fábio, o Inter ta com 3-5-2, ou 4-4 2”, perguntou um colega de micro. “Sei lá por... Não é o momento” respondi, de forma um pouco grosseira. Lacrimejava.
Pintando a América de Vermelho
Bolívar. O beque colorado que me inspirou deixar o cabelo um pouco maior, começou a jogada épica. Em um belo passe tocou para Edinho que, em um apurado lançamento deixou Sóbis frente a frente com Fabão. Desengonçado, quase caindo passou pelo zagueiro e chutou no cantinho. Voei do assento batendo a cabeça no teto. Berrava, berrava, assuntando os colegas de micro. O tiozinho – motorista – liberou o som para todos os passageiros. “Esse gol é tinta vermelha na América”, bradava o locutor, que ficaria conhecido no Brasil inteiro após a narração do segundo gol do Inter, também de Sobis. Extasiado, lembrava da desclassificação contra o Ceará na Copa do Brasil, a derrota para o Bragantino, em 96, da quase segunda divisão, por duas vezes, da derrota roubada do brasileirão do ano passado, e sabia, que este gol era um divisor de águas. O início de um marco histórico para mim, para o Inter e para a metade mais feliz do Rio Grande. Estava acabando essa historinha de Internacional só no nome. Obrigado, Inter. Obrigado, Sóbis.
Esse guri com “...cara de gaúcho, pinta de gaúcho, roupa de gaúcho, parece gaúcho..” se transformou no meu maior ídolo do Internacional - igualando-se ao Fabiano Cachaça.
Contendo as lágrimas, ainda consegui bater a cabeça novamente, festejando o segundo gol, menos de 10 minutos depois. O São Paulo descontou, mas os gremistas não comemoraram. Era o sinal de que estava chegando à nossa hora. Ao chegar em casa, encontro meu pai avermelhando, com certeza, muito mais nervoso que eu. Sem soltar um comentário sobre o jogo, resumi a um sucinto “E aí” e me tranquei no quarto até o final da partida. A batalha estava ganha e o título encaminhado. Mal sabia eu, que sete dias depois, assistiria o melhor jogo da minha vida. Mas o gol. Ah, o gol já estava feito.
Fabio
No vídeo, um especial sobre a conquista colorada. No primeiro trecho, o gol da minha vida.
4 Comentários:
Lamentável...
A estrutura da página ficou mto boa.
muito tri...essas historias sao as melhores de postar num blog. Tava demorando para atualizar, hein meu. ficou bala o lay out. abração!
bm, não tenho nem o q fala do texto, pois ele eh d mesma qalidade q os outros, embora o assunto abordado não seja dos meus favoritos(inter)...agora, o bolivar t inspiro a deixar o cabelo maior???vsf... isso eh preguiça!!!hehehe...abraço...
...VAMO INTER...VAMO INTER...
Bah...me emocionei de novo lendo o teu depoimento...Sem dúvida o titulo foi praticamente encaminhado lá no Morrumbi...
Muito bom o texto...Com o video, ficou ainda melhor...
Abração...
Pedro Schenkel!!!
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