quinta-feira, setembro 28, 2006

Homenagem a um Ilustre Tricolor

* Peço licença para usar termos mais coloquiais e os ditos “nomes feios”. Acho que neste caso acrescenta bastante no texto. Se alguém se sentir incomodado, não prossiga a leitura.


Lembro de estar sentado em uma cadeira da Antártica. Aquelas bem desconfortáveis, gélidas e enferrujadas. Ainda não encostava os pés no chão. Eram minutos intermináveis até chegar a porção de fritas. Já entediado, esperava ele aparecer. Volte e meia, vinha aquele velho barbudo – estilo Ray Connif – soltar uma piadinha sem graça.

-Teu timinho é podre... Tu não ganha de ninguém – caçoava.

As pálpebras ficavam pesadas, olhos cheios d’água e eu dava de ombros. Só de raiva, segurava o choro. Ingênuo ainda, não tinha coragem de responder a altura. Com o tempo, fui me recuperando.

Entre uma piadinha e outra, ofereceu-me um cachorro de presente. Nossa. Um cachorro. O primeiro cachorro. Adorei a idéia. Depois de uma reunião familiar foi escolhido o nome: Marroney. Putz. Em homenagem ao personagem gozado da Loucademia de Polícia. A escolha não me agradava. Enquanto esperava mais um porção de fritas, percebo que ele findava um copo de cerveja e vinha em minha direção. Pensava em dar uma resposta.

-Coloca o nome de Falcão. O jogador do Inter aquele. – sugeriu.

Estava batizado o meu primeiro bicho de estimação. Uma mistura de Pastor Alemão com “Kolley”. Agora, já considerava o Marcos meu amigo.

Os anos foram passando e as discussões aumentando. Quando o Grêmio perdia, fazia o caminho mais longo na volta da Escola só para passar em frente ao Bar do Alemão – ele sempre foi o comandante dos Bebuns – e dar uma corneta.

- Teu time tomou no c..... – me esbaldava
- Vai, vai... tu nunca vai ver teu time ganhar um título nacional... vai pentiá macaco – replicava.

Arremedava dizendo que vi o Inter ser campeão do Brasil em 92, mas, sempre ele vinha com o argumento que o meu time era Internacional somente no nome. Prometia a ele que quando o colorado ganhasse um título de expressão iria pra frente da sua casa pra estourar foguetes contra sua residência. Por anos, segui com esta promessa. Já quando o Grêmio ganhava, voltava pelo trajeto normal.

Nos dias de jogos, ele me aguardava – desde a 1h30 - com suas dose duplas, no Bar do Alemão. Bastava o ônibus do Scaranto - excursão - despontar na Avenida, que ele se preparava com uma toalinha do Grêmio. Rapidamente eu abria a janela colocava a cabeça pra fora:

- Marcossssssssss Vai toma no c...´´´´´´´´´´´´

Faceiro, mostrava o dedo do meio em riste, tremulando sua toalinha azul. Ele ganhava o fim de semana com isso. Eu também. Por muitos e muitos jogos, foi assim.

Hoje, a cadeira no Bar está vazia. A alegria dos bebuns, certamente não é a mesma. Falta a presença do seu líder. Creio que o título da Libertadores veio um pouco tarde. Não penso em soltar foguetes na residência, em respeito a sua esposa. Ela não entenderia. Mas toda vez que passo em frente a casa dele, presto-lhe uma homenagem cantando em pensamento: Ei! Marcos... Vai toma no c...´´´


Fabio

2 Comentários:

Blogger Leandro Luz disse...

Legal, cara, muito legal mesmo, parabéns. Bah, como vc disse no meu blog sobre o texto do primeiro semestre, quebrava o galho, mas para leitores mais críticos, como nós, era foda. Cara, acho q deveria, sim, soltar os foguetes, nem q fosse na frente da casa do cara. Mas cá para nós, é bom um boteco, né? ah, uma ´pergunta: o q significa o nome do blog d vcs? abraço

12:33 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Muito boa a tua homenagem póstuma ao grande Marcos...Mas considero uma falta de respeito com o eterno "Marcos do Bar do Alemão", passar em frente a sua casa e o xingar em pensamento....

VAMO INTER...VAMO INTER...

3:36 PM  

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