Crepúsculo
Escrevi este texto há alguns meses. Por isso o atraso da estação. Era para ser um conto. Foi abreviado pela pura falta de inspiração.
Caminho solitário pela beira do rio Guaíba. Uma borboleta azul risca o ar, galopando suavemente com suas asinhas frágeis. Os carros deslocam-se rapidamente. A brisa sopra com o vigor do fim da tarde de outono. Piso intencionalmente em algumas folhas secas para ouvir a canção metálica desta estação. O sol queda aos poucos e é velado por algumas nuvens maldosas.
Do lado de Guaíba, a beira ainda possui sua elegância. Não podemos mais tomar banho de rio como nos tempos de meus avós, as paradas de ônibus precisam ser restauradas, cheiram a mijo, mas a paisagem conserva seu encanto. Ao final das tardes de sol, o céu reproduz um mosaico de cores. Basta divisar os morros de Porto Alegre para enxergar o espetáculo. O espectro começa com um roxo suave, quase sôfrego. Esbarra num vermelho abrandado (travestido de rosa), que se transforma, mais acima, em laranja. Enfraquece gradativamente para um amarelo pálido, quase alvo, que deságua na imensidão azul do céu.
Caminho como sem vontade própria. Caminho instintivamente, desprendido de qualquer autonomia. Movido por algo que minhas pernas tivessem decidido antes mesmo de desenvolverem-se na barriga de minha mãe. Inerente aos meus parcos anos de vida. Paro junto de uma árvore de tronco robusto e incrustado para apreciar o crepúsculo.
O sol morre como deveria: sereno e moroso. Ando tranqüilamente até minha casa. De volta a meus devaneios inúteis. De volta a minhas incongruências irremediáveis. De volta ao quarto mal iluminado pelo abajur de luz desmaiada e débil.
Guilherme
Caminho solitário pela beira do rio Guaíba. Uma borboleta azul risca o ar, galopando suavemente com suas asinhas frágeis. Os carros deslocam-se rapidamente. A brisa sopra com o vigor do fim da tarde de outono. Piso intencionalmente em algumas folhas secas para ouvir a canção metálica desta estação. O sol queda aos poucos e é velado por algumas nuvens maldosas.
Do lado de Guaíba, a beira ainda possui sua elegância. Não podemos mais tomar banho de rio como nos tempos de meus avós, as paradas de ônibus precisam ser restauradas, cheiram a mijo, mas a paisagem conserva seu encanto. Ao final das tardes de sol, o céu reproduz um mosaico de cores. Basta divisar os morros de Porto Alegre para enxergar o espetáculo. O espectro começa com um roxo suave, quase sôfrego. Esbarra num vermelho abrandado (travestido de rosa), que se transforma, mais acima, em laranja. Enfraquece gradativamente para um amarelo pálido, quase alvo, que deságua na imensidão azul do céu.
Caminho como sem vontade própria. Caminho instintivamente, desprendido de qualquer autonomia. Movido por algo que minhas pernas tivessem decidido antes mesmo de desenvolverem-se na barriga de minha mãe. Inerente aos meus parcos anos de vida. Paro junto de uma árvore de tronco robusto e incrustado para apreciar o crepúsculo.
O sol morre como deveria: sereno e moroso. Ando tranqüilamente até minha casa. De volta a meus devaneios inúteis. De volta a minhas incongruências irremediáveis. De volta ao quarto mal iluminado pelo abajur de luz desmaiada e débil.
Guilherme
2 Comentários:
Porra! e falto inspiração pra termina... baita texto!abraço...
De borboletinhas a paradas fedendo a mijo....gostei, cara. So q acho q está mais para cronica do q para conto. Abraço
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