Programa de Domingo
oe·Para casais com mais de quatro anos de relacionamento, uma das opções de distração para a tarde de domingo é ir ao shopping; seja para ir ao cinema, fazer compras, ou simplesmente para ficar no geladinho do ar condicionado, olhando as últimas promoções destacadas na vitrine. Comigo não é diferente. Dia desses, presenciei uma desavença entre um casal de meia idade e resolvi relatar aqui.
Carrego aquela sacola cinza olhando pela terceira vez o painel com uma manequim de pernas alongadas, vestindo uma calça jeans na promoção por R$ 29,90. Faço o possível para fazer “cara de bunda” e sutilmente deixar meu protesto. Minha distração nesse momento é prestar atenção na vida dos outros. Divirto-me, sozinho. Antes de chegar ao provador feminino, me prestei a contar o que carregava: três blusas, duas calças e um casaco. Não era dos piores. Até soltei um sorriso de canto-de-boca.
No caminho começo a pensar se, pelo menos, terá um assento livre. Para minha surpresa, estava lá. O melhor de todos, bem no canto. Naquele dia até parecia maior, porém continuava com aquele cinza claro entediante, com estofamento de segunda linha, pouco confortável. Mas estava vazio, era o que importava. Ao me acomodar, percebo a proximidade dos assentos com as atendentes dos provadores da Renner, e vejo que elas faziam cara de bunda bem melhor do que eu.
Não demorou muito e chegou um companheiro para a espera. E a mulher dele vinha muito mais carregada: duas sacolas cinzas. Olhei com pesar, e dei um sorriso complacente, me solidarizando com o vizinho de banqueta.
- É. Vamos ter que esperar. Fazer o que. – disse o homem, de uns 35 anos, aparentando ser de classe média alta.
Respondi com um “uhum”, distraído, mostrando que não tinha interesse em dar continuidade na conversa.
- Vou aproveitar e escolher uma gravata pra mim -, novamente argumentou.
- Isso aí -, rebati, fingindo que atendia o celular.
Voltou em menos de cinco minutos, com uma gravata violeta. Estranhei a velocidade, sabia que o setor masculino era em outro andar.
- Bonita, ela né?
- ... -, por educação, levantei as sobrancelhas, inclinando levemente a cabeça para o lado direito, dando a entender que tinha sido uma boa escolha.
Já estava começando a ficar angustiando com a espera da minha noiva, quando vejo a esposa dele – creio eu -, saindo com uma blusa azul e uma saia creme.
- Gustavinhooo, Gustavinho... Não estou linda???
- Estas sim, meu bem. Como sempre.
- Eu não acredito Gustavo. Me achou feia de novo? Mas que merda. Sabia que não ia gostar.
-Ficou bem. Estou dizendo.
- Agora não adianta tentar dizer que não, tu já disse – saiu bruscamente resmungando de volta ao provador...
- Mas eu disse que ficou bom... – falou ele, para as atendentes.
Todos no local fizeram que nada tinha acontecido a fins de evitar maiores constrangimentos. Desta vez, não me dirigiu a palavra.
Poucos minutos depois, raivosa, a jovem senhora voltou e jogou as sacolas para as funcionárias que não entediam o que estava acontecendo.
- Vamos embora que não vou comprar nada – sentenciou.
- Eu vou levar essa gravata, vamos ao caixa.
Não era a hora para esse tipo de comentário e todo mundo sabia disso. O Gustavinho não.
- Lilás???
- Me diz uma gravata que combina com lilás? Hein? Hein?
- Aquela minha branca, Bem!
- Mas para aquela branca tu já tem a azul-marinho, Gustavo. Tu só ta querendo me fazer de troxa é? É sempre assim.
- Não, Bem. Gostei dessa.
- Vamos embora, tu já estragou meu fim-de-semana.
- Eu só to querendo o melhor pra nós, Bem...
- Agora já foi... Tu estragou meu Programa de Domingo.....
Fabio
Carrego aquela sacola cinza olhando pela terceira vez o painel com uma manequim de pernas alongadas, vestindo uma calça jeans na promoção por R$ 29,90. Faço o possível para fazer “cara de bunda” e sutilmente deixar meu protesto. Minha distração nesse momento é prestar atenção na vida dos outros. Divirto-me, sozinho. Antes de chegar ao provador feminino, me prestei a contar o que carregava: três blusas, duas calças e um casaco. Não era dos piores. Até soltei um sorriso de canto-de-boca.
No caminho começo a pensar se, pelo menos, terá um assento livre. Para minha surpresa, estava lá. O melhor de todos, bem no canto. Naquele dia até parecia maior, porém continuava com aquele cinza claro entediante, com estofamento de segunda linha, pouco confortável. Mas estava vazio, era o que importava. Ao me acomodar, percebo a proximidade dos assentos com as atendentes dos provadores da Renner, e vejo que elas faziam cara de bunda bem melhor do que eu.
Não demorou muito e chegou um companheiro para a espera. E a mulher dele vinha muito mais carregada: duas sacolas cinzas. Olhei com pesar, e dei um sorriso complacente, me solidarizando com o vizinho de banqueta.
- É. Vamos ter que esperar. Fazer o que. – disse o homem, de uns 35 anos, aparentando ser de classe média alta.
Respondi com um “uhum”, distraído, mostrando que não tinha interesse em dar continuidade na conversa.
- Vou aproveitar e escolher uma gravata pra mim -, novamente argumentou.
- Isso aí -, rebati, fingindo que atendia o celular.
Voltou em menos de cinco minutos, com uma gravata violeta. Estranhei a velocidade, sabia que o setor masculino era em outro andar.
- Bonita, ela né?
- ... -, por educação, levantei as sobrancelhas, inclinando levemente a cabeça para o lado direito, dando a entender que tinha sido uma boa escolha.
Já estava começando a ficar angustiando com a espera da minha noiva, quando vejo a esposa dele – creio eu -, saindo com uma blusa azul e uma saia creme.
- Gustavinhooo, Gustavinho... Não estou linda???
- Estas sim, meu bem. Como sempre.
- Eu não acredito Gustavo. Me achou feia de novo? Mas que merda. Sabia que não ia gostar.
-Ficou bem. Estou dizendo.
- Agora não adianta tentar dizer que não, tu já disse – saiu bruscamente resmungando de volta ao provador...
- Mas eu disse que ficou bom... – falou ele, para as atendentes.
Todos no local fizeram que nada tinha acontecido a fins de evitar maiores constrangimentos. Desta vez, não me dirigiu a palavra.
Poucos minutos depois, raivosa, a jovem senhora voltou e jogou as sacolas para as funcionárias que não entediam o que estava acontecendo.
- Vamos embora que não vou comprar nada – sentenciou.
- Eu vou levar essa gravata, vamos ao caixa.
Não era a hora para esse tipo de comentário e todo mundo sabia disso. O Gustavinho não.
- Lilás???
- Me diz uma gravata que combina com lilás? Hein? Hein?
- Aquela minha branca, Bem!
- Mas para aquela branca tu já tem a azul-marinho, Gustavo. Tu só ta querendo me fazer de troxa é? É sempre assim.
- Não, Bem. Gostei dessa.
- Vamos embora, tu já estragou meu fim-de-semana.
- Eu só to querendo o melhor pra nós, Bem...
- Agora já foi... Tu estragou meu Programa de Domingo.....
Fabio
4 Comentários:
Nao sei o q é pior: mulher no supermercado ou dentro de uma loja. Coitado do Gustavinho, hahahahhahahaha
Mto bom!
Renner é pra matar o cara. Muito bem escrito.
Guilherme.
Bah fábio vim aqui postar meu "super comentário" e a primeira coisa que vejo é um comentário machista do "não tem sentido", realmente não tem sentido o comentário dele, nem somos assim nada hehehe.Mas voltando ao meu comentário sobre o texto achei legal, claro que acontece de vez enquando estas cenas e foste muito municioso nos detalhes, do qual, enxergamos a cena(pouca ocorrida) nos shoppings hehehe.Enfim, mto bom! Bjs
daeee...
tu botou o link errado lah no meu blog...
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