Inerte Compaixão
Ela acorda todos os dias no mesmo horário. 7h15. A alvorada ensolarada a deixa bem humorada. Levanta, veste suas roupas, toma um rápido café da manhã, e, a pé, segue em direção a escola. O seu allstar vermelho, já desbotado, parece deslizar nas calçadas desniveladas, de forma sincronizada com a música “todos estão surdos”, - versão da Nação Zumbi -, que em altos decibéis, toca em seu I-Pod. Veste uma saia longa, de tom marrom claro, e uma blusinha azul, de marca qualquer. Vive o auge dos seus 17 anos. Com pernas alongadas e delineadas, poderia tranqüilamente se enquadrar no padrão estereotipado de beleza, se não fosse uma mínima saliência no abdômen. Ela não liga.
No caminho, se distraí com a paisagem não muito atrativa, observando pessoas com aparência estressadas, movendo-se rapidamente, como minhocas em um balde de pescaria e recorda com pesar que não teve tempo de arrumar seu quarto. É organizada. Na cabeceira, deixou recostado o livro 100 Anos de Solidão, marcado nas páginas finais. A penteadeira abriga alguns porta-jóias e um porta incenso. Abaixo do mural de fotos, guarda seus livros prediletos: Garcia Marques, Galeano, Marx, e Machado de Assis. Almeja um futuro promissor. Sonha poder ver mundo melhor.
Ao atravessar a rua, percebe um olhar libidinoso proveniente de um rapaz vindo no sentido contrário. Ao se cruzarem, o jovem torce o pescoço ao máximo, para continuar apreciando as suas curvas. Ela ri. Até da uma olhadinha para trás, para retribuir o gracejo... Mas, acaba encontrando um ícone de miséria, e esquece o garoto.
Qualquer menina de sua idade, nem ligaria para o indigente. Ela sentiu-se mal. Sabia que tinha uma parcela de culpa.
Entendia que colocar as razões deste problema somente no governo era muito cômodo e não resolveria absolutamente nada. E, pensando nessa situação, seguiu seu caminho.
A imagem voltava em sua memória castigando sua consciência. “Você que está sentado, levante-se! Há um lider dentro de você!!! Deixe-o falar...”, convocava o vocalista da Naçao Zumbi, em seus fones de ouvido. Era a música adequada ao momento. Ela queria isso... Despontar em uma liderança para ajudar a quem precisa, mostrar a si que a vida tem algum sentido, sentia-se motivada. Apesar da humildade, estava convicta que era acima da média. No entanto, precisava colocar o que sabe em prática... “Deixe-o falar”, insistentemente pedia o cantor. Ela não deixou. Desligou o rádinho, respondeu a chamada e silenciou.
Por que? ...
Ela acredita que este dia irá chegar. Um dia sem desculpas bobas, sem dúvidas nem “pé atrás”. Sabe que pode. Porém, enquanto isso não acontece, continua com sua rotina, lendo muito para fugir do tédio e, também, para estar municiada de conhecimentos para quando for necessário. Aonde vai, leva consigo as frases ouvidas naquela ocasião.
Você que está sentado, levante-se. Há um líder dentro de você!!! Deixe-o falar.
Fabio
No caminho, se distraí com a paisagem não muito atrativa, observando pessoas com aparência estressadas, movendo-se rapidamente, como minhocas em um balde de pescaria e recorda com pesar que não teve tempo de arrumar seu quarto. É organizada. Na cabeceira, deixou recostado o livro 100 Anos de Solidão, marcado nas páginas finais. A penteadeira abriga alguns porta-jóias e um porta incenso. Abaixo do mural de fotos, guarda seus livros prediletos: Garcia Marques, Galeano, Marx, e Machado de Assis. Almeja um futuro promissor. Sonha poder ver mundo melhor.
Ao atravessar a rua, percebe um olhar libidinoso proveniente de um rapaz vindo no sentido contrário. Ao se cruzarem, o jovem torce o pescoço ao máximo, para continuar apreciando as suas curvas. Ela ri. Até da uma olhadinha para trás, para retribuir o gracejo... Mas, acaba encontrando um ícone de miséria, e esquece o garoto.
Qualquer menina de sua idade, nem ligaria para o indigente. Ela sentiu-se mal. Sabia que tinha uma parcela de culpa.
Entendia que colocar as razões deste problema somente no governo era muito cômodo e não resolveria absolutamente nada. E, pensando nessa situação, seguiu seu caminho.
A imagem voltava em sua memória castigando sua consciência. “Você que está sentado, levante-se! Há um lider dentro de você!!! Deixe-o falar...”, convocava o vocalista da Naçao Zumbi, em seus fones de ouvido. Era a música adequada ao momento. Ela queria isso... Despontar em uma liderança para ajudar a quem precisa, mostrar a si que a vida tem algum sentido, sentia-se motivada. Apesar da humildade, estava convicta que era acima da média. No entanto, precisava colocar o que sabe em prática... “Deixe-o falar”, insistentemente pedia o cantor. Ela não deixou. Desligou o rádinho, respondeu a chamada e silenciou.
Por que? ...
Ela acredita que este dia irá chegar. Um dia sem desculpas bobas, sem dúvidas nem “pé atrás”. Sabe que pode. Porém, enquanto isso não acontece, continua com sua rotina, lendo muito para fugir do tédio e, também, para estar municiada de conhecimentos para quando for necessário. Aonde vai, leva consigo as frases ouvidas naquela ocasião.
Você que está sentado, levante-se. Há um líder dentro de você!!! Deixe-o falar.
Fabio
2 Comentários:
Pra frente, amigos! Coragem que a vida é longa
Caralho, chocante o texto, colorado...mandou bem. Quanto ao churras, não sendo no primeiro findi, tá blza. Vou pra praia...pode ser ou no dia 11 ou no 12. Te agenda ae!!! Ah, quanto a nossa quase morte na Fabico, nao lembrava. Abraço!
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