quinta-feira, maio 10, 2007

O Colorado que não sabia Secar

Entra ano sai ano e continua a mesma coisa. Colorado que é colorado tem que secar o Grêmio. Mesmo sendo campeão da Libertadores, mesmo sendo Campeão do Mundo, é bom secar o Grêmio. Ultimamente não tinha muitas possibilidades – jogos contra a Filial nem assisto - , mas confesso que ontem à noite, me sentia um pouco paulista.

No início da tarde, meio constrangido, respondia a minha cardiologista que era colorado, no momento que ela me colocava o houter – exame que avalia os batimentos cardíacos por 24h -, tranqüilizando-a que não teria fortes emoções a noite. Na saída do consultório ainda não me sentia a vontade. Os cinco marcadores grudados na altura do peito, e um gravador de aproximadamente 20 cm de cumprimento por 5 cm de altura, com aparência bem desgastada, dependurado na cintura, além de incomodo ficava com a sensação de estar carregando uma bomba.

No caminho pra faculdade, algumas piadinhas do tipo... “Bah, gostei desse teu MP3 estiloso”, ou “e essa cigarrerra gigante na cintura???”... Até aí, aceitava numa boa. Mas quando entro na sala, um pouco atrasado, devido a demora da micro, sigo de cabeça baixa em direção ao meu grupo e ouço outra corneta: primeira relacionada a futebol.

- Secador é foda... Já vem com o radião na cintura -, gritou uma voz, que, em um primeiro momento, não identifiquei de onde vinha.

Pensei. Não vou responder. Tentei me segurar. Mas não agüentei. Fiz uma cara de quem tinha poucos dias de vida, entristeci o máximo que pude o meu olhar, tentando transparecer que sentia muitas dores, puxei o blusão até a altura da barriga, deixando a vista os cinco fiozinhos que iam direto ao coração.

- Bah meu, se arriar em doença é foda....

A partir daí, vi um magrão totalmente desconcertado, me pedindo desculpas. Rosto corado, meio sem jeito, tentava se esconder atrás de um caderno da Mormaii. Ia falar que era um exame de rotina, apenas para detectar uma arritmia cardíaca simples, mas, fiquei na minha. Pra aprender.

E a aula prosseguiu. Com a proximidade do início do jogo, a algazarra ia aumentando gradativamente. Um colorado era o mais exaltado de todos. A cada final da fala do professor ouvia-se ao fundo. “Vaaaamo São Paulo”. Com voz grossa, o alemão de cerca de 1,80m de altura, natural de Novo Hamburgo, parecia aguardar o término da aula com ansiedade, teclando com demasiada força o seu notebook, que estava sobre a classe. Ele é um daqueles chatos, que adora soltar um comentário parafraseando o que o professor disse minutos atrás. Quase um dono da verdade. Aproximadamente 21h30 o Mestre deu a aula por encerrada, mas pra variar, a última palavra teria que ser a dele.

- Em pessoal, em pessoal... Como que é hoje?? SALLLLLLLVEEEEEEE O SAOO PAAAAAUUULOOO....

Tive que rir junto com os gremistas. Tentei remendar dizendo que quem tinha que saber o hino do São Paulo eram os gremistas. Não deu. A cagada já tava feita.

Um colorado que não sabia secar. Deve ter dado azar pro tricolor paulista.


Fabinho

* Parabéns ao Grêmio, pela vitória por 2 a 0.

3 Comentários:

Blogger Guilherme Lessa Bica disse...

Obrigado.

6:56 PM  
Blogger Leandro Luz disse...

Quem era o professor?

abraço

6:04 PM  
Blogger Rafa Pfeiffer disse...

Meu Deus... esse colorado não sabe nem o endereço do Beira-Rio...

3:20 PM  

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