quinta-feira, novembro 09, 2006

Frustração

Queria sentir a umidade do asfalto lavado
cimentar na parede fresca e lisa do edifício
saltitar em cada sílaba pedregosa do paralelepípedo

Queria verter água como a fonte lamurienta
dobrar junto dos degraus da escadaria e dos sinos da igreja
abraçar com a mureta as ondas anãs e inquietas do rio

Queria derreter no gelo penetrado pela luz solar
e sólido, liquido e gasoso experimentar as vielas que desconheço
(para registrar também as dores e (dis)sabores desta aldeia)

Queria esquentar como a lã e desmaiar transfigurado no feltro de um lençol
amaciado em travesseiro e silenciado pela atmosfera inanimada das alcovas contíguas pela madrugada

Queria sentir a cidade pulsando em minhas veias, poros, fios de cabelo, pestanas, membros, sentidos e pêlos.

Guardaria comigo seu cheiro, sua cor e seus ruídos.


Guilherme

1 Comentários:

Blogger Leandro Luz disse...

Grande Guilherme...uma vez me disse um poeta: "a poesia não pode ser explicada. Pois se fosse, perderia a graça". Muito bom, parabéns!!!

4:06 PM  

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