quinta-feira, julho 20, 2006

A Gurizada

Éramos seis. Ainda somos, acho eu. Três gremistas e três colorados. Opa, quase. Quatro gremistas e dois colorados. Todos heterossexuais – até que se prove o contrário. Colegas de turma. Confidentes. Anos já de convivência copiosa. Seria inevitável não surgirem histórias engraçadas, marcantes.

Num primeiro momento o número reduzia-se a três, se bem me lembro. Eu, Ezio e Fabio. A amizade nascida de uma partida de futebol na qual seríamos rivais. Temíamo-nos mutuamente – fator que abreviou o confronto com os tradicionais xingamentos que antecipam os jogos. E abriu caminho para nossa amizade.

Nosso itinerário, então, passou a traçar linhas nas ruas do Engenho. Mega Drive no Ezio: futebol; Super Nes no Fabio: futebol; Super Nes lá em casa: futebol. Uma gama interminável de competições virtuais. Desculpa para trocarmos frases triviais sobre...futebol.

Quando minha família comprou o sítio, a rotina alterou-se. Agora tínhamos um campo onde jogar. Mas a distância não facilitou as coisas. "Futebol, sábado, no sítio, às nove da manhã. Combinado?" "Combinado". Eu e Ezio já sabíamos que o Fabio não conseguiria acordar. A expressão já cansada com que recebia a convocação para o jogo denunciava antecipadamente sua falta. E não foram poucos os sábados de gol-a-gol no sítio. Mas valia a pena. Naqueles duelos matinais alimentei o sonho de ser jogador de futebol. Iludi-me alguns anos mais com minhas pretensões futebolísticas. Até ser derrotado por meu físico mirrado, pelas outras prioridades que minha vida abraçava e, finalmente, pela cerveja.

Com o passar dos anos escolares o grupo ganhou novos integrantes. O primeiro deles – tido como membro seguro, já que o Leal sempre habitou perifericamente nossa rotina até pouco tempo atrás – foi o Pitt, o Jonas. As mãos suadas, a voz sussurrada e os gestos comedidos do Pitt nos aproximaram dele logo que entrou para o colégio. O que adiou a convivência mais estreitada foi o peculiar interesse do Jonas pelos nomes de músicas e artistas estrangeiros da MTV. Depois desse estranhamento inicial, o entendimento deslanchou.

O Pedro foi o último a chegar. Já no segundo grau da Martinho Lutero. Nas aulas do Pastor Irmo – sob as canções de cunho religioso – ou nas horas de ensinamento duvidoso da Ivoni, a Panela tomava sua forma definitiva. O Leal passou pelos rituais necessários para também freqüentar o clã.

Juntos conhecemos o álcool e outras drogas mais fortes – como o Play Station. Juntos deixamos os medos e as inseguranças de adolescente para sofrermos outros tipos de temores. “O amargo da vida”, como sempre repetiu o Pitt, fazia-se presente em nossos lares e era fracionado e diminuído com a terapia etílica que fundamos. O futebol passou a ocupar uma importância secundária – ao menos o jogado. E os dias tornaram-se mais coloridos e reforçados de uma certeza que não compreendemos por completo, mas a sabemos existente: o elo semeado nas tardes desperdiçadas em meados dos anos noventa e fecundado nos anos posteriores.

Nesse dia do amigo, o mínimo que posso fazer é agradecer a esses cinco “caras estranhos” e paneleiros incorrigíveis.

Valeu por tudo, gurizada.

Guilherme

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Bah..

Combinamos de nao comentarmos os nossos textos... Enfim....

mto bom velho....

10:39 PM  
Anonymous Anônimo disse...

hehehe...vlw...bem qria dize q tmbm considero vcs pra karal... e digo q vcs não são apenas amigos, e sim irmãos...

3:19 PM  
Anonymous Anônimo disse...

hehehe...vlw...bem qria dize q tmbm considero vcs pra karal... e digo q vcs não são apenas amigos, e sim irmãos...

3:19 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Ah! que bonitinho Gui...mto lindo o texto, escreves mto bem.Bjos

12:53 AM  
Anonymous Anônimo disse...

bah... muito bala o texto, vou até imprimir para mim.mas certo que somos uma grande familha de 6 irmãos, considero muito vocês todos.Abraços

ps. podia deixar a parte que emburrece.....quem ta por dentro sabe...

1:58 AM  

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