Alexandre, o Grande
Logo aos 16 anos, depois do assassinato de seu pai, “Alexandre, o Grande”, teve de assumir o trono da Macedônia. No alto dos seus 1m52, o Grande conquistou sua primeira vitória aos 18, quando derrotou o batalhão sagrado de Tebas em meados de 300 a.c. Com sua ambição, foi garantindo rapidamente mais territórios para seu império e depois de desbancar os persas, garantiu o título de Rei da Ásia. Lembro-me da minha pré-adolescencia, e como ela foi diferente. Estudante de colégio particular, não costumava prestar muita atenção nas aulas. Longe de ser um aluno exemplar, nem imaginava que, com esta idade, alguém poderia ser tão grandioso. Eram outros tempos.
História até então, ficava em terceiro ou quarto plano. Para mim, uma grande conquista seria ser escalado no Inter A na Educação Física. De fato, isso nunca ocorreu. Ia para o Inter B. Para não correr riscos de esquentar o banco, geralmente me disponibilizava para atacar no gol. Entretanto, mesmo com ínfima qualidade no futebol, sempre tive muita “estrela”. Considero um fator determinante para um perna de pau.
Ao contrário do monarca asiático, uma das minhas principais vitórias veio sem “vias de fato”. Em uma tarde ensolarada de outono, foi realizado um Gre-Nal mistão entre os alunos da sétima série. Para minha surpresa, estava escalado pra “linha”. Apesar do caráter não oficial da partida, fiquei muito orgulhoso. Sentia-me o Fabiano cachaça. Com medo de não marcar gols, tinha que arranjar uma estratégia para ser notado na equipe principal. Pensei em que fazer. Depois alguns instantes, veio à idéia brilhante. Uma aposta.
Escolhi o atleta com maior marketing pessoal do time oponente e lancei a oferta. Quem perdesse o jogo, vestiria a camiseta do adversário. Talvez por excesso de confiança, ou soberba, o jogador aceitou prontamente e repassou o nosso trato para sua equipe. Antes mesmo de começar a partida, todos já estavam sabendo o que se passava. Agora, só não podia perder. Se não, seria tudo em vão. Ou até mesmo pior.
Começa o jogo. Eu meio nervoso, não estava preparado para receber os olhares de toda a torcida e não produzia muito. Os cinco ou seis que assistiam, se contorceram de tanto rir quando o Grêmio largou na frente. “Oh a camisetinha do Grêmio...” falavam de fora do campo. O mais chato de todos era o professor da turma. Assim como eu me imaginava jogador de futebol, ele se intitulava judoca. As cornetas que mais me irritavam vinham do “mestre”, que esperava ansioso o momento de ver eu me expor ao ridículo.
Foi então que Alexandre, um alemão de 1m75, o mais alto do Inter, veio falar comigo. “Vai lá que tu vai fazer o teu”. Meio desacreditado, fiquei na pescaria a espera de uma sobra. Com cara de palhaço, o judoca dizia que faltava apenas um minuto para que fosse feita a colocação do manto tricolor. Mal sabia que, uma bola de chiripa acabaria deslizando em frente à área. Era o momento. Meio desengonçado, dei um peito de pé com muita raiva. O Grande estava certo. Depois de estufar as redes, fui diretamente xingar o professor, mas, após o lance, ele se levantou e foi embora, como se nada tivesse acontecido. O Gre-Nal seria decidido na prorrogação.
Tinha a certeza que marcaria mais um e decidiria a partida. Afinal, nasci para ser um goleador. O jogo recomeça equilibrado. Passado uns cinco minutos, o Grêmio envolve a nossa zaga e depois de uma tabelinha, acaba marcando o gol da vitória. Que raiva. Deu errado. Aos menos estava feliz porque o judoca não presenciaria a cena.
Esqueci por instantes que Alexandre era do meu time. Com a mesma coragem do monarca, o alemão que era conhecido pelos amigos como batata, enfrentou todos os seus oponentes. “Ele não vai vestir a camiseta e pronto”, esbravejava. Os gremistas tentavam reivindicar de todas as formas, mas devido ao seu tamanho, começaram a aceitar as ordens de Alexandre. Rapidamente ele me retirou do campo. “Vamô embora que tu não vai colocar camiseta nenhuma”.
Achei justo. Feliz, fui embora pra casa lembrando do gol marcado. Até hoje uso os ensinamentos que apreendi neste dia. Passados alguns anos, me interessei mais por leitura e conheci diversos personagens históricos. Mas tenho a plena certeza que um deles eu conheço desde 1996. O meu amigo Alexandre, o Grande.
Fábio
3 Comentários:
Tchê... muito bom! este é o terceiro texto q leio d ti, e te digo uma coisa acaba d adquirir um fã!
flw.
Cara, nao tenho tempo nem d ir no banheiro...mas vou ver se posto alguma coisa essa semana...falou!!!
Bah Fábio muito boa a crônica!!É a primeira sua que leio, mas se continuares assim,me juntarei ao Pitt e serei tbm sua fã.Bjos
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